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Permitam que me apresente, sou Mario Aulicino o seu novo colunista sobre o Brasil

Mario Aulicino

Colunista sobre o Brasil

Cresci escutando duas coisas na minha vida: que o Brasil não era um país serio, eternizando a frase do General De Gaule; e que o Brasil era o país do futuro. Uma mistura típica da minha geração, que cresceu entre o discurso nacionalista dos militares e a chacota produzida pelo primeiro mundo que via o Brasil como o país do futebol e carnaval. Alguns anos se passaram, e o Brasil ganhou mais duas copas do mundo de futebol, e fez do carnaval, uma indústria de dinheiro que movimenta 1 bilhão de dólares só na cidade do Rio de Janeiro, que recebe 700 mil turistas estrangeiros, que somados aos mais de um milhão de turistas brasileiros ajudam a economia daquela cidade todo mês de fevereiro. Isto tudo sem contar com a festa Brasil a fora. A democracia no Brasil chegou e embora jovem, só tem cerca de 20 anos, vem demonstrando amadurecimento. Sou testemunha viva do milagre econômico da década de 70 que terminou de forma trágica na hiper inflação e das dezenas de planos econômicos e trocas de moedas idealizadas por diversos ministros, cujos nomes seria impossível decorar, quem diria aqui citar. Porem, o tempo passou rápido para uma nação que estava adormecida em berço esplêndido, tal qual o seu hino, e os números do Brasil fazem que finalmente o futuro vire presente.

O Plano Real, implantado no governo Itamar Franco, sob a batuta do então ministro Fernando Henrique Cardoso, transformou a política econômica do pais. Aperfeiçoada nos oito anos em que FHC foi presidente da república. A aceleração das privatizações, onde transformou empresas públicas, que ate aquele momento eram cabides de empregos, em empresas privadas rentáveis e com grande potencial competitivo. Isto melhorou a estrutura do país, principalmente nas áreas de comunicação e distribuição de energia. Mesmo que de maneira embrionária, começa uma reforma estrutural no país. Porem, concertar 500 anos em 8 seria não só impossível como extremamente perigoso, ate para o processo democrático que poderia eternizar um partido ou mesmo um presidente. O pais muda de mão; direciona em um primeiro momento um pouco mais a esquerda, visto ter o partido vitorioso historicamente um discurso socialista. O mundo para e observa. O mercado financeiro retrai sob a suspeita de novas regras para economia. Surpresa agradável foi a manutenção da política econômica implantada desde o governo Itamar Franco e aperfeiçoada nos 8 anos de FHC. Esta politica econômica foi fundamental para o Brasil ser o pais que menos sentiu a crise mundial, que ate os dias de hoje afeta os EUA e a Europa.

Somados a capacidade do então presidente Lula de conversar com diferentes camadas da sociedade, transformaram o mesmo no Presidente mais popular de todos os tempos com 77 % de aprovação e desta forma fez o seu sucessor, mesmo regado a escândalos de corrupção “como nunca antes se viu naquele país”, a uma politica externa que não se entendia, mesclando um marketing positivo de país a ser investido com uma abertura a políticos suspeitos como Chaves e Armadinejad. Do país da minha juventude, o Brasil hoje é muito diferente. Somos o maior produtor de minério de ferro do mundo, o maior exportador de carne bovina e de frango, suco de laranja, tabaco, café e açúcar e o maior produtor de bio-combustível do mundo, atendendo a necessidade de crescer com sustentabilidade. Ou seja, o Brasil é o único país capaz de abastecer a necessidade da China que cresce com voracidade e passa a ser o maior parceiro comercial do mundo. O Brasil hoje, começa a desbancar economias como França e Inglaterra e passa a ser a 5º maior economia do mundo. Com crescimento na casa dos 7% ao ano, o dobro dos EUA, o Brasil retirou, durante o governo Lula, 40 milhões de cidadãos da absoluta miséria, jogando-os na classe consumidora, aquecendo desta forma a sua economia.

Evidente que tudo isto é muito pouco ainda, perto do que se espera de uma grande potencia, e os desafios da atual Presidenta não são menores do que de seus antecessores. Confesso, que antes da eleição, a exemplo de outrora, estava apreensível quanto a continuidade da coligação PT-PMDB. Por achar que embora tenham sido extremamente responsáveis na área econômica, proporcionaram ao pais uma serie de escândalos de corrupção e impunidade de envergonhar qualquer cidadão que tenha um mínimo de princípio ético e moral. Esta continuidade, com o Governo mais PT (Partido dos Presidentes Lula e Dilma), endossado democraticamente pelo povo brasileiro, me parecia perigoso tanto para economia quanto de certa forma para democracia brasileira.

Da sua posse, se passou um mês e Dilma vem surpreendendo a todos, com nomeações mais técnica e menos política de seu ministério e com medidas menos populistas e mais responsáveis, cuja necessidade se fazia necessária e os efeitos serão benéficos. Nomeou um funcionário de carreira para o Banco Central, deixando assim o mesmo com autonomia tal qual o mercado exigia. Deu um “chega para lá”, como se diz no jargão popular, no PT ao vetar indicações do partido que não detinham qualificações técnicas. Nomeou um Ministro do Supremo Tribunal Federal que agradou tanto, que foi aprovado por unanimidade pelo Senado e aplaudido de pé pela oposição.
Na política externa, sinalizou que será defensora dos direitos humanos e que não tolerará governos autoritários, apontando indiretamente para o Irã, cujo seu presidente foi chamado de irmão pelo ex-presidente Lula. Deixou o Supremo Tribunal federal em situação confortável para julgar a extradição do terrorista Italiano Battisti, que Lula em seu penúltimo ato como presidente negou a sua extradição. O último foi dar passaporte diplomático aos seus filhos e netos.
Frisou por diversas vezes em seu discurso de posse a necessidade da liberdade de imprensa.

Na área econômica, acompanhando a decisão autônoma do BC em aumentar a taxa de juros no intuito de conter a inflação, anuncia um corte de 50 bilhões de dólares do seu orçamento, mostrando desta forma austeridade ao ajuste fiscal. Foi responsável ao sugerir ao congresso um salário mínimo de R$ 545,00.

Teve um comportamento digno e humano no desastre natural da região serrana do Rio de Janeiro, estando presente e liberando verbas emergenciais com a velocidade necessária. Importante dizer que no mesmo período o Governador do Rio de Janeiro estava de férias em Paris. Ou seja, podem torcer o nariz os críticos sistemáticos, mas Dilma, começou bem. E temos que dizer isso, pois se ao contrário fosse, estaríamos batendo tambor em praça pública no intuito de criticá-la.

O caminho é longo. O Brasil precisa de reformas urgentes nas áreas Tributaria, Previdenciária, Administrativa e Politica. Necessitamos de investimento maciço em educação, afinal não há democracia sem que haja um povo educado o suficiente para discernir o bem do mal. Ajustes urgentes de infraestrutura, que oxalá a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 nos ajudem a dar um ponta pé inicial. Porem, para os olhos do mundo, dos mais técnicos e menos políticos, o Brasil caminha para um horizonte promissor. E se a Presidenta Dilma mantiver a mesma política deste início, terá tudo para fazer um bom governo.

Permitam que me apresente, sou Mario Aulicino o seu novo colunista sobre o Brasil.